sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Crescer ou Envelhecer?
O
envelhecimento, a progressão de qualquer ser humano no ciclo para o qual
nasceu, não representa a perda da beleza física que se atinge no apogeu da
vida, e consequente necessidade de a repor urgentemente recorrendo a
artifícios, a camuflagens bem trabalhadas mas demasiado perfeitas que acabam a
pouco e pouco por substituir a beleza natural por uma outra mais alternativa,
menos beleza. Traduz-se antes pela transferência, pela migração gradual da
força, energia ou até tonicidade do nosso eu exterior para o lado oculto de nós
que espelha quem realmente somos, levando a que toda a flexibilidade de
julgamentos e dúvidas existenciais sejam substituídas por um carácter forte,
seguro, convicções plenas. É verdade que a imagem vazada para o exterior seja
por vezes a de intransigência, casmurrice, mas também é verdade que um carácter
forte não tem de ser um carácter correcto, porque no fundo o certo e o errado
são só mais um artifício instituído para nos dar a falsa sensação de segurança.
A acção da gravidade faz-se sentir no nosso corpo, as mais básicas leis da
física explicam-no, mas actua também sobre as frases soltas, os julgamentos
precipitados ou as reacções intempestivas, faz com que repousem e nos
possibilitem escolher a ocasião mais adequada para serem libertados. O controlo
não é total e o acerto não se torna exímio, mas a ponderação passa a fazer
parte do nosso vocabulário. O aspecto exterior não vai cativando da mesma forma
á medida que crescemos, mas dá lugar á oportunidade de seduzir pelas palavras,
pelos actos que se concluem ou pela sua ausência, e fortalecem a tonicidade das
ligações emotivas que se geram. Quando paramos de crescer e começamos a
envelhecer? Em que etapa da tua prova ultrapassas tal barreira? No momento em
que nasces e te deparas com o cenário mais surreal com que alguma vez serás
confrontado enquanto respirares, algures no entretanto ao longo da contínua vivência
a que te submetes, ou durante os breves segundos conscientes que experiencias
antes de morrer?
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