segunda-feira, 10 de junho de 2013

Opiniões

Inofensivas conjecturas pessoais acerca de determinado assunto, vistas como “apenas uma opinião…”. Quando concebida e reservada a uma mera consulta pessoal, á base duma adjectivação conclusiva de determinado tema é de facto inofensiva, mas sempre que divulgada adquire um carácter interactivo, pois ainda que o autor do pensamento sobre o qual a opinião foi tecida, a decline e tente religiosamente ignorar, tal é impossível, o desenvolvimento desse pensamento será sempre marcado por essa mesma opinião. A vontade de perante algum facto novo partilhar a nossa visão, dificulta-nos a decisão astuta de ouvirmos em silêncio e de intervirmos quando tal nos é pedido, pois a natureza é soberana e na maioria das vezes indomável, mas cabe-nos a nós aprender a subjugar os nossos ímpetos.    

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Nem certo nem errado

Não há uma real fronteira entre o certo e o errado, há um julgamento espontâneo levado a cabo por cada um, baseado nos valores com que se define a si próprio, que o leva a executar ou não a acção a que se propõe. A realidade vigente é ultrapassada a qualquer momento por circunstâncias específicas que nos obrigam a contornar os princípios com que nos regemos, não só para nosso beneficio mas também em prol dos que nos são próximos. O nosso grau de idoneidade determinará até onde irão as nossas acções para ajudarmos quem nos interessa, sabendo sempre que tal implicará o prejuízo de alguém. Como em tudo o resto o julgamento da maioria vai sobrepor-se seja coincidente ou não com o de cada um, mas acima de qualquer debate eleva-se a tua forma de sentir a escolha que fazes e como vais viver em função da decisão tomada. Certo ou errado para os demais desde que coerente e adequado ao teu bem-estar. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ilude-te

     Rejeita as opiniões superiores, as descargas de saber que surgem em acessos de lucidez, pela mão de figuras desprezadas, sublimemente eliminadas por uma sociedade plena de preconceitos e com receio de si mesma. Abraça as ideias putrefactas que te fazem sentir completo porque justificam os pensamentos básicos de que te orgulhas. Não tentes chegar ao cerne do problema, tal exercício só te fará perceber o limitado que és, limita-te a analisar superficialmente qualquer questão e quando descobrires o inevitável, que não és capaz de a responder, cataloga-a de mistério intocável e espera pacientemente que um desses rejeitados da sociedade se debruce sobre a questão e em alguns minutos de reflexão lhe atribua uma solução acertada e coerente. Aí ri-te da solução e ignora-a, junta-te aos restantes “simple minds” no escárnio perpetrado contra a minoria e tenta alcançar o objectivo supremo da tua existência. -A verdade?! Não, claro que não, isso é um objectivo demasiado utópico e elaborado para ti, almeja apenas um resto de vida sem sobressaltos aguardando cómoda e pacificamente a morte, não o momento em si mas os dias arrastados e letárgicos que se seguem ao estimulo intelectual de que abdicas, e congratula-te por uma vida estúpida mas feliz, porque a ignorância é uma bênção.  

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Portugal


Este pedaço de mundo
Que qual nobre vagabundo
Galgando mares de dor
Tantos povos deu a conhecer
Só que
O orgulho já não é o que era
E o brio com que se erguera
Todo o nosso historial
Caiu no esquecimento
E todos os que os seguiram
Vivendo á sombra de feitos antigos
E pactuando com os inimigos
Aumentaram o tormento
É este o estado da nação
De que toda a gente fala
O euro dá te uma mão
E com mais um milhão te cala
Te embala
Te compra a alma
E te faz trair os teus irmãos de sangue
Mas o vírus está dentro de nós
E os nossos egrégios avós
Que fizeram de nós quem somos
Sentem em si vergonha
Pela cobardia de que padecemos
Mas a salvação é possível
E esta geração temível
A que todos chamam rasca
E a quem querem tão mal
Dará o mote para a vitória
Escreverá páginas de glória
E honrará o nome de Portugal 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Crescer ou Envelhecer?

            O envelhecimento, a progressão de qualquer ser humano no ciclo para o qual nasceu, não representa a perda da beleza física que se atinge no apogeu da vida, e consequente necessidade de a repor urgentemente recorrendo a artifícios, a camuflagens bem trabalhadas mas demasiado perfeitas que acabam a pouco e pouco por substituir a beleza natural por uma outra mais alternativa, menos beleza. Traduz-se antes pela transferência, pela migração gradual da força, energia ou até tonicidade do nosso eu exterior para o lado oculto de nós que espelha quem realmente somos, levando a que toda a flexibilidade de julgamentos e dúvidas existenciais sejam substituídas por um carácter forte, seguro, convicções plenas. É verdade que a imagem vazada para o exterior seja por vezes a de intransigência, casmurrice, mas também é verdade que um carácter forte não tem de ser um carácter correcto, porque no fundo o certo e o errado são só mais um artifício instituído para nos dar a falsa sensação de segurança. A acção da gravidade faz-se sentir no nosso corpo, as mais básicas leis da física explicam-no, mas actua também sobre as frases soltas, os julgamentos precipitados ou as reacções intempestivas, faz com que repousem e nos possibilitem escolher a ocasião mais adequada para serem libertados. O controlo não é total e o acerto não se torna exímio, mas a ponderação passa a fazer parte do nosso vocabulário. O aspecto exterior não vai cativando da mesma forma á medida que crescemos, mas dá lugar á oportunidade de seduzir pelas palavras, pelos actos que se concluem ou pela sua ausência, e fortalecem a tonicidade das ligações emotivas que se geram. Quando paramos de crescer e começamos a envelhecer? Em que etapa da tua prova ultrapassas tal barreira? No momento em que nasces e te deparas com o cenário mais surreal com que alguma vez serás confrontado enquanto respirares, algures no entretanto ao longo da contínua vivência a que te submetes, ou durante os breves segundos conscientes que experiencias antes de morrer? 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Patamares inatingíveis por escolha


É sexta-feira e o teu horário semanal de trabalho acabou, tens pouco mais de 48 horas para descomprimir e recarregar baterias. Saíste com um grupo de amigos, a namorada ou sozinho, e estás sentado á porta daquele bar onde te sentes bem. É sábado á noite e algures há grande concerto, boa banda ao vivo e som perfeito para o género que consomes, estás encostado á parede enquanto ao teu lado vai passando o tipo de gente que como tu aprecia boa música, ou daquele outro tipo que lá vai porque lá está a televisão. Final de tarde dum domingo fantástico, tempo quente mas nada sufocante, a brisa que vai correndo mantém o teu termóstato na zona perfeita da escala e a disposição num patamar bastante aceitável. Estás numa esplanada virada para o rio, ou tens o oceano e a areia num estranho bailado de avanços e recuos, á tua frente. Estás sentado num relvado imenso, e divides a tua presença entre a sombra duma árvore frondosa e o banho de sol que a circunda, enquanto contemplas o verde que se estende á tua frente. A situação física ou enquadramento é diferente mas irrelevante, denominador comum é o filtro de cartão metido na orelha enquanto a mortalha aguarda pela sopa preparada na palma da mão, enrolas e acendes. Ao teu lado bebe-se cerveja, whisky com cola ou simples, vodka seja qual for a tonalidade. As diferenças existem, antes de mais aos olhos da maioria dos transeuntes, que em ti verão o exemplo da decadência do mundo, ao passo que quem bebe apenas confraterniza, num acto social de grande prestígio. A referir também o facto de que quando acabas de fumar o teu relaxamento vai aumentando, a tua velocidade de raciocínio aumenta ainda que os níveis de concentração diminuam drasticamente e percas alguma coerência na articulação do teu discurso, mas desinibes-te mais, e vais desfrutar do teu ambiente, curtir o teu som, fazer mil e um filmes mas sempre na tua cabeça e sem incomodar ninguém, duas ou três horas depois o efeito inebriante passa-te. Do outro lado está alguém que vai armar confusão e deixar para trás um rasto de vomitado e garrafas vazias e que acorda ao outro dia com uma dor de cabeça terrível. Proibir uma e liberar ou até incentivar a outra é um contra-senso, a liberdade de escolha deveria existir fosse qual fosse o gosto pessoal de cada um, e esta é a única comparação que pode ser feita. Num patamar diferente e sem comparação possível, ao nível das piores doenças que afectam a raça humana, encontram-se as substâncias que causam habituação, drogas pesadas cujo consumo não deve por escolha ser sequer considerado, a curiosidade existe claro, mas caminhar na direcção dum abismo e não parar perante a visão do fim, ou é sinónimo de falha cerebral ou de vontades suicidas. As provas de que subir ao patamar mais alto do êxtase só em raras excepções te permite o retrocesso, caminham entre nós, daí que não valha a pena nem faça qualquer sentido percorrer um caminho cujo desfecho é sobejamente conhecido. Qual a necessidade de procurar subir alguns degraus na escala do conforto psicotrópico, quando se sabe que em troca hipotecamos a nossa vida? Um mergulho esporádico numa realidade diferente facilita a descompressão, escuda-nos por momentos do stress, funcionando como refúgio enquanto os mecanismos individuais de ponderação não amadurecem o suficiente, ou para por uns breves momentos fugir as responsabilidades adultas, mas procurar viver permanentemente submerso nessa realidade parece-me uma procura suicida que facilmente se resolveria duma forma mais simples, menos penosa e com menor prejuízo para as pessoas que lhes são mais próximas.

sábado, 8 de setembro de 2012

Topar pela pinta…


Há uma pergunta que tem de ser feita, já há alguns anos me persegue e á qual apenas consegui alguns sorrisos como resposta no melhor dos casos, noutros, em que acrescentei a minha opinião acerca da imagem que tal porte me transmite, um olhar algo intimidante fez-me perceber que não era aconselhável aprofundar esse assunto. A forma como algumas mulheres transportam os sacos, quando num gracioso desfile se passeiam de loja para loja seja num shopping ou na mais recatada rua de comércio tradicional, intriga-me profundamente. O ângulo perfeito de 45º, formado pelo braço e antebraço, com o amontoado de sacos pendurados na zona do cotovelo, a palma da mão virada para cima e servindo por vezes de suporte para as chaves, telemóvel ou óculos de sol. Quiçá a falta de sensibilidade inerente ao facto de fazer parte do sexo oposto me tolde o raciocínio e não me permita discernir uma resposta óbvia e coerente para tal comportamento, explicado convenientemente poderia levar-me a considera-lo uma ideia brilhante quem sabe, fazendo-me ter uma visão diferente acerca de tal postura, pois de momento, o juízo imediato que o meu cérebro gera quando comtemplado com tal imagem é o de estar na presença da típica “dondoca petulante”.